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Produzindo HQ’s no Brasil – Desafios e oportunidades da cena independente

24 DE janeiro DE 2022
Crédito: Ricardo Matsukawa

Em comemoração ao Dia do Quadrinho Nacional, a BVL convida o público para um bate-papo sobre as estratégias, trajetória, dificuldades e acertos na hora de publicar um quadrinho como autor independente no Brasil.

Nossa roda de bate-papo será mediada pela jornalista Gabriela Borges, criadora do “Mina de HQ”, e terá como convidadas as ilustradoras e quadrinistas Helena Cunha e Luiza de Souza

Para aquecer os motores dessa discussão trocamos uma ideia sobre a cena atual dos quadrinhos independentes no Brasil com as nossas futuras convidadas que trouxeram um pouco do que enxergam a respeito, com algumas observações que podem ser valiosas para futuros quadrinistas e fãs das HQ’s. 


Os desafios na publicações de quadrinhos independentes 

Um dos aspectos mais difíceis para autores independentes é a necessidade de ter diversas competências que vão além do processo criativo, como nos conta Helena Cunha, “o maior desafio é ter que exercer quase todas as funções da cadeia de produção do gibi, muitas vezes simultaneamente. Desde a embalagem e o envio pelos Correios até a divulgação, são funções que requerem habilidades muito diferentes e difíceis de conciliar entre si e, principalmente, com a produção de novas histórias”, conta a ilustradora. Diante desse cenário, ainda temos um numero reduzido de artistas que conseguem ter nos quadrinhos a sua única fonte de renda no Brasil.


Oportunidades

A internet, por outro lado, tem facilitado alguns passos desse processo, ao ajudar que os quadrinistas encontrem seu público, um grande desafio para quem está começando, permitindo que meios alternativos de financiamento viabilizem a produção, “as campanhas de financiamento coletivo para quadrinhos são bem fortes no país. O público já entendeu essa como uma plataforma de apoio e compra de quadrinhos - inclusive, as próprias editoras vêm aproveitando esse contato com o público para lançar pré-vendas de HQs por meio dessas campanhas”, avalia a jornalista Gabriela Borges.


Tendências: nichos e formato digital

Helena Cunhas destaca como ideias que antes poderiam ser consideradas inviáveis conseguem ser postas em prática atualmente com maior frequência, “projetos tidos como menos comerciais, que talvez não conseguissem espaço com editoras, podem ser publicados de forma independente e muitas vezes tem uma ótima recepção por parte do público, o que acaba abrindo portas para mais projetos fora do tradicional”. Tal movimento permite que uma maior diversidade de temas e personagens seja explorada, como é o caso das produções de Luiza de Souza, “a gente tem de entender que boas histórias estão por toda parte, esperando pra serem contadas, não só as mesmas histórias - heteros, brancas, sudestinas etc, dessas que tem de ruma [pode ser “de montão”, para quem não é Potiguar!]. Tenho escrito e também quero ler mais quadrinhos com sotaques que a gente não vê tanto assim na TV”, conta a quadrinista.


Gabriela Borges ainda aponta os formatos digitais como uma forte tendência na produção de quadrinhos, “aposto muito em novos formatos digitais para a leitura de quadrinhos, mas para que isso se fortaleça é preciso popularizar esse tipo de leitura digital e criar HQs que sejam pensadas para o digital - mobile first - e não apenas uma adaptação do projeto pensado para o impresso. Acho que ainda estamos longe de ver isso acontecendo na prática de maneira mais popular, mas vejo sim como tendência”, avalia.

Se interessou pelo bate-papo? Nosso encontro rola no domingo, às 15h30, você pode fazer sua inscrição clicando aqui.


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